Autoridades e especialistas em meio ambiente discutiram a destinação correta de resíduos eletrônicos em Campo Grande, durante audiência pública nesta quarta-feira (13). O debate, realizado no Plenário Oliva Enciso, foi convocado pela Comissão Permanente de Meio Ambiente da Câmara Municipal e teve transmissão ao vivo pelas redes sociais da Casa de Leis.
“[A audiência] não visa resolver problemas. Ela faz com que as autoridades tomem ciência de um fato e, a partir disso, possam aprofundar a discussão para trazer soluções práticas para o problema. O objetivo é o esclarecimento de fatos para gerar políticas efetivas. A audiência pública não resolve problemas, ela levanta problemas para que possamos dar encaminhamento de maneira mais técnica”, disse o vereador Prof. André Luís, proponente do debate.
Resíduos eletroeletrônicos consistem em equipamentos descartados ou obsoletos. Eles possuem em sua composição metais perigosos de difícil degradação, que podem ser causadores de graves problemas ambientais caso sejam descartados de modo incorreto.
“Temos uma cultura de não separar o lixo. A grande dificuldade hoje é a grande quantidade de lixo gerado. Não temos a cultura a destinação correta. Muitas vezes, não conseguimos chegar nas prefeituras para coletar o material deles. Há leis que visam a destinação correta, mas não são seguidas. Precisamos tentar fazer uma conscientização e explicar como se faz a destinação correta de todos os resíduos, não apenas os eletrônicos. Estamos muito atrasados”, apontou Edilson Paulon, diretor-administrativo da Recic.LE.
O descarte incorreto impacta a saúde pública, gera danos ao meio ambiente através da contaminação de solos, lençóis freáticos e os organismos da fauna e da flora e, além disso, reduz o tempo de vida dos aterros sanitários.
“O cidadão ainda não está jogando esse jogo. Se não começarmos a olhar para isso com mais responsabilidade, vamos trabalhar durante cinco meses para pagar impostos e sem retorno. Nossa responsabilidade aumenta a cada dia. Não temos mais tempo nas questões da qualidade de vida. Hoje, na área urbana, a qualidade de vida passa pelo saneamento, que é água, esgoto, drenagem e resíduos. Esses quatro pilares têm que estar interligados”, disse Luciane Costadele, do Fórum Municipal Lixo e Cidadania.
Segundo o The Global E-waste Monitor 2020, o Brasil produziu, no ano anterior, mais de 2 milhões de toneladas de resíduos eletrônicos, sendo que menos de 3% foram reciclados, de acordo com o relatório desenvolvido pela Universidade das Nações Unidas.
A pesquisa mostrou que, no Brasil, 16% das pessoas descartam com certa frequência algum eletrônico no lixo comum. Um terço dos entrevistados (33%) nunca ouviu falar em pontos ou locais de descarte correto para lixo eletrônico. A maioria, 87%, disse guardar algum tipo de eletrônico sem utilidade em casa, e mais de 30% fica com eles por mais de um ano, segundo a Agência Brasil.
Segundo a educadora ambiental da Solurb, Lucimara de Oliveira Calvis, a sociedade tem uma responsabilidade compartilhada. “É do poder público, da iniciativa privada, e principalmente do gerador. Temos uma cadeia produtiva que envolve comércio, indústria e distribuição. Resíduos perigosos para o meio ambiente e saúde não podem ser descartados em qualquer lugar”, disse. Atualmente, a empresa, responsável pela coleta em Campo Grande, possui cinco ecopontos que recebe lixo eletrônico: Panamá, Noroeste, Moreninhas, União e Nova Lima.
Autor da lei 6466/20, que institui o Programa de Coleta Contínua de Lixo Eletrônico em Campo Grande, o vereador Otávio Trad ressaltou a necessidade de aplicação das normas já existentes. “Os vereadores desta Casa estão sempre atentos às realidades que possuem deficiências em nossa Capital. Que se possa levar adiante a praticidade das leis. Caso tenha necessidade de fazer alguma emenda, que venha a contribuir com o projeto para que se transforme em algo que tenha um funcionamento, fico a disposição para discutir. Que a gente possa solicitar ao Executivo fazer esse projeto funcionar na prática”, apontou.
Assessoria de Imprensa do Vereador Prof. André Luis